Lagarta do pinheiro e cães: tudo sobre o assunto
O contacto com a lagarta do pinheiro provoca uma reação alérgica local bastante severa, não só no cão, como também nos seres humanos. Neste artigo abordamos quais os principais sintomas desta reação e o os cuidados a ter se isto acontecer ao seu patudo.
Sara Alves
VeterináriaSaiba o que o seu cão deveria estar a comer...
Experimente sem compromisso
Os cães são seres muito curiosos e andam sempre de nariz no chão à procura de algo novo. A lagarta do pinheiro é por isso uma ameaça!
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O que é a lagarta do pinheiro?
A lagarta do pinheiro ou processionária é um inseto cujo principal hospedeiro é o pinheiro. É considerada uma praga em Portugal. O nome de processionária surge pelo facto destas lagartas se movimentarem em fila, lembrando uma procissão. Estas lagartas possuem vários pêlos urticantes, sendo estes os responsáveis pelas reações alérgicas que ocorrem por contacto direto com estes insetos.
Qual a altura do ano em que devemos ter mais cuidado?
Entre Janeiro e Maio, a lagarta abandona o pinheiro e enterra-se no solo para continuar o seu desenvolvimento, sendo este o período de maior risco de contacto. Entre Agosto e Setembro nascem as lagartas.
Porque devemos ter cuidados com esta lagarta? É perigosa?
Sim, elas libertam substâncias tóxicas que provocam reações de hipersensibilidade graves e consequente necrose (morte) das células dos tecidos com os quais contactam (mucosas ou pele). Em algumas situações pode mesmo ser fatal.
Só afeta os cães?
Não, é perigosa tanto para cães como para as pessoas. As crianças e os cães são os principais afetados devido às brincadeiras no solo.
Quais os sinais clínicos mais comuns?
Variam de acordo com a zona do animal que entra em contato com a lagarta. Geralmente afeta o focinho, nomeadamente, lábios, língua e nariz.
Devido à sua textura, por vezes, a lagarta é ingerida, podendo afetar o esófago e o estômago. Os principais sinais clínicos são os seguintes:
- Inchaço do focinho, que pode levar a dificuldade respiratória, especialmente em braquicéfalos como os bulldogue francês
- Salivação excessiva
- Dificuldade em engolir
- Comichão intensa
- Urticária
- Vómitos
- Apatia
- Perda de apetite
- Dificuldade em mastigar
- Alterações oculares
- Choque anafilático
- Nos casos mais avançados, há necrose da língua e a zona afetada acaba por cair
O que devo fazer se o meu cão contactar com a lagarta do pinheiro?
- É uma situação urgente, que vai requerer o auxilio do Médico Veterinário imediato!
- Pode fazer limpezas com soro fisiológico para remover os pelos urticantes da lagarta mas com muito cuidado, de forma a não contactar com eles;
- O seu cão vai ter comichão, contudo não deve permitir que este se lamba, correndo o risco de haver disseminação dos pelos urticantes para outras regiões do corpo;
- Não perca a calma e mantenha o seu foco no positivo… é meio caminho andado para que corra tudo bem! 🙂
Qual o tratamento?
Sob suspeita de contacto com a lagarta do pinheiro, os cães devem ficar em regime de internamento com medicação para controlar a reação alérgica e possíveis complicações. Além de fluidoterapia, utilizam-se anti-histamínicos, adrenalina, corticosteróides e antibióticos como parte da terapia. O prognóstico é reservado e o animal só pode ter alta depois de estabilizado.
E como prevenir?
Sempre que possível, deve evitar zonas com pinheiros, sobretudo de Janeiro a Maio. No entanto, se esta solução for uma missão impossível, deverá estar sempre atento e com a máximo de cuidado, mantendo o seu patudo preso pela trela.
Não deve permitir que o seu cão fareje ou apanhe coisas do chão, para diminuir o risco de contacto com as processionárias.
Por norma, os cachorros por terem mais curiosidade podem ser mais afetados, por isso nesta altura do ano se passear com o seu cachorro tenha cuidados redobrados.
Sara Alves
Médica Veterinária de Animais de Companhia