Displasia do cotovelo em cães – em que consiste?
A displasia do cotovelo é uma doença articular hereditária que consiste na conformação anormal da articulação do cotovelo. Leia sobre a doença aqui.
Daniela Leal
VeterináriaSaiba o que o seu cão deveria estar a comer...
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Em que consiste a displasia do cotovelo e porque surge?
É uma doença hereditária (transmitida à ninhada), cuja expressão depende de fatores ambientais (crescimento, metabolismo, hábitos alimentares). Geralmente surge em cães jovens de raça grande a gigante, não havendo predisposição sexual.
O cotovelo corresponde à articulação do rádio, cúbito e úmero. Quando há uma conformação anormal da articulação podemos estar perante uma displasia do cotovelo, que engloba 4 diferentes alterações (sendo que nem todas estão presentes num animal com displasia do cotovelo):
- Não união do processo ancóneo;
- Fragmentação do processo coronoide;
- Osteocondrite dissecante;
- Incongruência articular.
Quais as raças predispostas?
- Labrador;
- Golden Retriever;
- Pastor Alemão;
- Chow Chow;
- Dogue de Bordéus;
- Rottweiler;
- Pastor de Berna;
Como suspeitar de displasia do cotovelo?
A displasia do cotovelo é uma das principais causas de claudicação do membro anterior em cães jovens, causando dor e desconforto durante a marcha. Pela dor que sentem, muitos cães passam o dia deitados. A sintomatologia pode surgir a partir dos 5-6 meses de idade.
Em cães com displasia do cotovelo a qualidade de vida pode ser afetada. Podem ser notadas as seguintes alterações:
- Claudicação de um ou de ambos os membros anteriores, ou seja, o cão “manca” do membro afetado;
- Dor à manipulação da articulação do cotovelo;
- Relutância ao movimento;
- Claudicação mais acentuada após longos períodos de descanso.
Como é realizado o diagnóstico?
Através da realização de radiografias, sob sedação. Pode ser necessária a realização de uma TAC (tomografia axial computorizada) ou de RM (ressonância magnética).
O despiste da displasia do cotovelo deve ser realizado, tal como é feito o despiste de displasia da anca?
Apesar dos despistes de displasia do cotovelo não serem tão comuns como os despistes de displasia da anca, é importante que sejam feitos em cães de raça grande (principalmente em raças predispostas). O diagnóstico precoce é muito importante, para que possa ser instituído tratamento o mais cedo possível. Diagnósticos tardios, com artrose já instalada, têm um prognóstico pior.
Em que consiste o tratamento?
O tratamento pode ser cirúrgico ou médico/conservativo.
O tratamento cirúrgico pode ser aconselhado em alguns casos, dependendo do tipo e do grau de displasia (do 0 ao 3), bem como do momento do diagnóstico. Em alguns casos o tratamento cirúrgico pode ser curativo.
O tratamento médico está recomendado em casos menos graves e em casos em que a cirurgia não é opção. O tratamento médico passa pela administração de medicação anti-inflamatória e analgésica, fisioterapia/hidroterapia e administração de condroprotetores (glucosamina e condroitina).
O controlo de peso é essencial em ambos os casos.
Como prevenir o aparecimento?
Ninhadas de cães com displasia do cotovelo estão predispostas ao desenvolvimento da patologia. Como tal, convém evitar o cruzamento de cães com a patologia. Embora seja uma doença de caráter hereditário, a manifestação da doença vai depender das variáveis ambientais, nomeadamente durante o crescimento. A alimentação deve ser de boa qualidade e ter uma suplementação equilibrada de fósforo e cálcio, ser equilibrada nutricionalmente e promover o peso ideal e o crescimento gradual do cachorro.
Daniela Leal
Médica Veterinária de Animais de Companhia