Dermatofitose ou tinha canina
A dermatofitose, frequentemente, conhecida por tinha, é uma infeção das camadas superficiais da pele provocadas por um fungo. Esta doença é mais frequente nos gatos do que nos cães, que pode também ser transmissível às pessoas. Neste artigo iremos abordar quais os sinais clínicos mais frequentes da dermatofitose canina e em que é que consiste o seu tratamento.
Sara Alves
VeterináriaSaiba o que o seu cão deveria estar a comer...
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O que é a tinha?
É uma infeção cutânea provocada por um fungo que pode afetar a pele, pêlos e unhas. O Microsporum canis é o principal responsável por causar dermatofitose nos cães.
Como se transmite? É contagioso?
É uma doença muito contagiosa não só para os animais, como também para as pessoas – zoonose.
A sua transmissão pode ocorrer pelo contato direto com animais doentes, mas também pelo ambiente – pelo contato com os pêlos e detritos celulares como crostas e descamação da pele ou através de objetos contaminados como as camas, mantas, escovas, pentes, etc.
Existem factores predisponentes para a dermatofitose?
Há um maior número de casos reportados em cachorros, animais com as defesas imunitárias diminuídas e em gatos de pêlo longo. Parece ainda haver uma predisposição racial em cães Yorkshire e Jack Russel, assim como também nos gatos Persas.
Quando devo suspeitar que meu cão tem tinha? Quais são os sintomas?
Os principais sintomas que o cão pode apresentar são:
- lesões circulares de alopécia (falta de pêlo) com um anel vermelho em redor
- descamação (caspa)
- eritema (vermelhidão)
- pode ou não ter prurido (comichão)
- hiperpigmentação (pele mais escura)
- pápulas (borbulhas)
Estas lesões podem ser localizadas, multifocais ou generalizadas.
Como é diagnosticado?
Existem várias técnicas, como:
- Lâmpada de Wood – permite identificar zonas contaminadas com o fungo através do aparecimento de fluorescência, no entanto os falsos-positivo e falsos-negativo são comuns;
- Tricograma – visualização dos pêlos ao microscópio;
- Cultura fúngica – DTM é o método mais fiável.
Qual o tratamento?
O tratamento da dermatofitose canina pode ser dividido em:
- Tratamento local: deve ser realizado em todos os casos de dermatofitose, recorrendo-se ao uso de champôs e pomadas antifúngicas. Antigamente recomendava-se tosquiar o animal mas atualmente sabe-se que pode ser prejudicial, uma vez que a lâmina pode ferir a pele do cão, que já está fragilizada devido à presença dos fungos.
- Tratamento sistémico: está indicado nos casos em que as lesões são multifocais, em cães com pêlo comprido; animais que vivem em ambientes de múltiplos animais; e/ou quando não há uma resposta satisfatória a uma abordagem tópica. O tratamento sistémico consiste numa terapia antifúngica por via oral que irá atuar nos folículos pilosos e ajudar na eliminação do fungo.
Em qualquer um dos tratamentos (local Vs sistémico), as melhorias vão demorar a surgir, sendo comum que os tratamentos se prologuem durante várias semanas. Considera-se que o cão está curado após 2-3 resultados negativos em culturas fúngicas com intervalo de 15 dias.
Devo ter cuidados especiais uma vez que se trata de uma doença contagiosa?
Sim, como é uma doença fúngica transmissível a animais e pessoas deverá ter cuidados especiais para evitar a sua propagação, tais como:
- Pode ser necessário isolar o cão – este continua a ser uma fonte de contágio pelo menos 3 semanas após iniciar o tratamento;
- Evitar o contato com crianças;
- Evitar contato com outros animais (atenção aos gatos, podem ser portadores assintomáticos);
- Usar luvas descartáveis e higienizar as mãos após contato com o animal;
- Objetos contaminados como camas, mantas, escovas devem ser eliminados, na impossibilidade de serem destruídos ou removidos deverão ser lavados a mais de 40oC com uma solução desinfetante.
- Limpeza com solução desinfetante (lixívia) no local onde animal se encontra.
Sara Alves
Médica Veterinária de Animais de Companhia